Olá, gente...
Diversos autores têm defendido a importância do espaço
escolar como recurso pedagógico de aprendizagem. Sempre defendi a ideia de que
todo espaço escolar deve ser criado e organizado como um ambiente de
aprendizagem.
Penso que assim que uma pessoa adentra no ambiente escolar,
deve aprender alguma coisa com o mesmo, ou seja, todo o espaço físico deve
ensinar alguma coisa. Seja na estética, na organização, no acabamento, etc.
Isso exigirá dos gestores de todos os setores relacionados
com a educação atenção, estudos e cuidados com os mínimos detalhes na
construção e organização dos espaços de aprendizagem.
Cores, mobiliários, jardins, sinalização e ambientes
especiais, devem ser pensados e repensados a favor de promover conexões
que promovam informações, conhecimentos e aprendizagens.
Compartilho com você a matéria de Danilo Mekari – Portal
Aprendiz – 23/05/2014 – São Paulo, SP a respeito da preocupação com o assunto:
Há quem acredite que uma das soluções para os problemas da
educação no Brasil esteja no reforço da disciplina e na rigidez das regras
aplicadas no interior das escolas. Por outro lado, há também aqueles que
defendem a ideia de uma escola mais democrática, onde as crianças possam
circular livremente, andar descalças, subir em árvores e pintar as paredes.
É o caso da arquiteta Doris Kowaltowski, professora da
Unicamp e autora do livro “Arquitetura escolar – o projeto do ambiente de
ensino”. Ela acredita que, além de primar pelos bons professores e alunos e ter
uma gestão de qualidade, as escolas precisam de prédios bem projetados para se
tornarem centros de educação de excelência.
“Se o espaço é mal cuidado, o prédio é vandalizado mais
facilmente. Ao mesmo tempo, se tiver muitas grades, a criança se sente
insegura. Os prédios escolares ruins incentivam a timidez entre as crianças e a
prática do bullying”, afirma Doris.
Ao lado de Beatriz Goulart, urbanista e coordenadora do
projeto Cenários Pedagógicos, e Pedro Barrán, arquiteto uruguaio e pesquisador
do tema, Doris participou do debate “Prédios também ensinam – arquitetura
voltada ao desenvolvimento pleno do aluno”, realizado no dia 21/5, durante a
Feira Educar Educador 2014.
Conhecimento no claustro
Beatriz lembrou que a requalificação dos espaços escolares e
urbanos deve ser feita em conjunto. “Não adianta o espaço ser lindo e a gestão
e o currículo continuarem atrasados. Desse jeito, vai ser apenas um presídio
colorido”, desabafa. “Notas, chamada, armário trancado, biblioteca fechada. Se
o prédio for destinado a ensinar ordem e disciplina, ele estará falido. O
edifício escolar moderno deve incentivar a convivência e a autonomia.”
Para Barrán, as escolas antigas, com arquitetura rígida e
simétrica – um verdadeiro “claustro” –, são do tempo em que a educação era
“simplesmente levar aos alunos o conhecimento que já estava dado. Hoje, em uma
escola ideal, o protagonismo tem de estar no estudante.”
Aproveitando espaços
Doris elencou alguns exemplos que, de maneira educativa,
aproveitam os espaços, as paredes e até os chãos da escola. Na Índia, o projeto
BaLA (Building as Learning Aid) desenhou tabelas periódicas, linhas do tempo
com a história do país e os ângulos que se formam com a abertura das portas –
tudo isso na superfície dos edifícios.
Partindo de uma visão holística de como planejar e usar a
infraestrutura da escola, o BaLa trabalha atividades baseadas na aprendizagem,
na amizade infantil e na inclusão de crianças com deficiência. “No cerne,
assume que a arquitetura da escola pode ser um recurso no processo de ensino e
aprendizagem.”
A arquiteta também citou a importância da iluminação natural
e a necessidade de haver variedade espacial para quebrar a monotonia. “Além
disso, a criança que fica o dia inteiro na escola precisa de um espaço para
descansar”, adverte. Lembrou ainda da acústica de uma sala de aula: “se ela não
funciona, o professor precisa gritar e fica rouco. Desse jeito o barulho vai se
instalando aos poucos”.
“Não pode”
“Em um espaço mais calmo e agradável as pessoas vão se
sentir em casa. A ideia essencial é tornar os ambientes de aprendizados um
verdadeiro lar”, reflete Doris. Para ela, como um museu, a escola deveria expor
e valorizar o trabalho de seus alunos. “Apenas colar com fita crepe não é
correto.”
“A vida fora da escola é tão rica, e quando a criança entra
no espaço escolar é uma sucessão de ‘não pode’. Não pode brincar, não pode
correr, não pode tirar o tênis, não pode subir na árvore”, afirma Beatriz.
Ao longo da discussão, um consenso emergiu entre os
participantes: a necessidade de que os projetos arquitetônicos das escolas
sejam debatidos entre todos os envolvidos com o processo de aprendizagem.
“Principalmente o aluno”, reforça Doris.
E você? O que acha sobre a questão?
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Postado por Michel Assali
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