Olá, gente...
Escolhi para compartilhar com
vocês um artigo de Linda Graham, experiente psicoterapeuta, americana de San
Francisco. Em seu trabalho e nos workshops que ministra pelos EUA, integra
neurociência, práticas de mindfullness e psicologia relacional.
A leitura vale para uma reflexão
interessante.
Diz, Linda:
Procrastinar pode ser o gatilho
para uma espiral negativa, mas um estudo recente sugere que ser carinhoso
consigo mesmo pode ajudar a atingir seus objetivos.
Muitas vezes, porque temos receio
de falhar na tarefa e pavor de todas as autoavaliações negativas que poderiam
resultar de um fracasso.
Inconscientemente, sentir-se bem
consigo se torna mais importante do que atingir alguma meta.
"Já vou, já vou... só
preciso de um segundo..."
Mas a procrastinação, certamente,
dispara outros sentimentos negativos sobre nós mesmos – recriminações e
ruminações por “fracassar” ao tomar uma atitude.
Em vinte anos trabalhando como
psicoterapeuta, testemunhei por tantas vezes como a paralisia frente a uma
tarefa ou problema pode levar a níveis cada vez mais altos de autocrítica e
autodepreciação, uma espiral negativa descendente que se autoperpetua.
A maioria das técnicas de combate
à procrastinação foca em maneiras de mudar o comportamento de uma pessoa:
apenas comece, tome uma atitude, qualquer tipo de atitude.
Mas um estudo recente sugere uma
abordagem diferente: seja gentil consigo.
Baixa autocompaixão, alto índice
de estresse.
Fuschia M. Sirois, da
Universidade de Bishop, no Canadá, examinou se a autocompaixão – gentileza e
compreensão consigo em resposta a uma dor ou erro – poderia estar relacionada a
procrastinação e estresse e ao sofrimento que a procrastinação causa.
O estudo, publicado em Self and Identity, pediu a mais de 750
participantes para completar um questionário que mede os níveis de
autocompaixão e seus componentes: gentileza consigo em resposta a um erro ao
invés de se julgar severamente, reconhecendo que compartilha as mesmas lutas
com procrastinação com muitas outras pessoas ao invés de se sentir isolado ou a
única pessoa a passar por isso, percebendo de forma ampla sua situação difícil
ao invés de se identificar com autoavaliações negativas.
Os participantes também
reportaram os seus níveis de procrastinação e estresse.
Sirois encontrou que as pessoas
inclinadas à procrastinação tinham menores níveis de autocompaixão e maiores
níveis de estresse.
Uma análise mais detalhada
revelou que procrastinação pode aumentar o nível de estresse – particularmente
entre as pessoas que apresentam baixa autocompaixão.
De fato, os seus resultados
sugerem que a autocompaixão pode cumprir um papel importante na explicação do
porquê a procrastinação pode gerar tanto estresse para as pessoas:
“Autojulgamentos negativos e sensação de isolamento quando se está
procrastinando pode ser uma experiência estressante”, ela escreve, “que
compromete o bem-estar daqueles que apresentam um comportamento crônico de
procrastinação”.
Sirois sugere que intervenções
que focam em aumentar a autocompaixão podem ser particularmente benéficas para
reduzir o estresse associado a procrastinação porque a autocompaixão permite
que a pessoa reconheça as desvantagens da procrastinação sem se identificar com
emoções negativas, ruminações negativas e uma relação negativa consigo.
As pessoas mantêm uma sensação
interior de bem-estar que as permite o risco de falhar e tomar uma atitude.
“A autocompaixão é uma prática
adaptativa que pode… fornecer um amortecedor contra as reações negativas de
eventos relevantes para a pessoa”, escreve a autora.
A implicação é que através da
interrupção do elo entre procrastinação e autoimagem negativa, a autocompaixão
pode nos ajudar a evitar o estresse associado com a procrastinação,
libertando-nos daquela espiral descendente, e nos ajudando a melhorar o nosso
comportamento.
O estudo de Sirois não prova que
a falta de autocompaixão causa diretamente a procrastinação ou que a baixa
autocompaixão é o que faz com que a procrastinação seja tão estressante.
Enquanto esse estudo revela associações interessantes, estudos mais específicos
precisam ser realizados para relacionar autocompaixão, procrastinação e
estresse. Esse foi o primeiro estudo realizado para examinar o papel da
autocompaixão nessa equação entre procrastinação-estresse.
Em um estudo relacionado, outros
pesquisadores descobriram que pessoas que se julgam menos por suas experiências
de erro ou fracasso experienciaram menos procrastinação posterior.
Sirois argumenta que porque a
autocompaixão é uma postura mais global em direção aos próprios erros do que
específica com relação a um único fato, isso pode ser ainda mais útil no
tratamento da procrastinação.
Na próxima postagem encaminho um
exercício sugerido para minimizar ou solucionar o problema da procrastinação.
Encaminhe seus comentários.
Postado por Michel Assali
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